Uma das poucas séries que assisti foi Suits: uma série que mostra o mundo do direito corporativo mostrando a rotina de dois advogados. Um deles é Mike Ross, um gênio nato que possui memória fotográfica.
Nota: se quiser ver o conteúdo em formato de vídeo:
Acima de tudo, a memória de Mike é sensacional, considerando que ele lembra tudo o que ele entende.
Mas, Suits é uma obra de ficção.
Porém, olhando para o mundo real: é possível ao menos chegar perto da memória de Mike Ross?
Memória humana x Memória de computador
Sobretudo, assim como um computador, a nossa memória é limitada.
Então, trazendo como referência a memória RAM e o HD, também temos os dois tipos de memória: a de curto e a de longo prazo.
Antes de mais nada, essa memória de longo prazo não significa exatamente “pra sempre”.
Inegavelmente, para a memória de curto prazo ser criada, é necessário um entendimento relativo do evento a ser lembrado. Porém, o entendimento não garante que ela se perpetue por mais tempo.
Porém, a maioria das coisas que são entendidas, são esquecidas algumas horas depois. Algumas dessas, são guardadas no “HD”, que é a memória de longo prazo.
A memória de longo prazo
O ponto é que até a memória de longo prazo também se esvai depois de alguns dias.
Então surge o questionamento: o que faz com que uma memória fique?
Bom, antes de chegar aí é necessário entender o processo de construção de uma memória.
1. O evento acontece
2. Pode acontecer várias e várias vezes até o passo 3
3. O cérebro interpreta e entende (o entendimento é relativo)
4. A memória de curto prazo se constrói (RAM)
5. Dependendo dos parâmetros que a memória foi criada, ela pode ficar ou não no “HD”
6. Essa memória é revivida (praticada, revisada, relembrada)
7. Ela continua se perpetuando (sendo lembrada)
A mágica acontece do passo 5 ao 7
A relevância do acontecimento influencia na memória
O passo 5 mostra os fatores que uma memória foi criada.
Você está lá, na aula de matemática, vê que (x+y)² não é igual a x² + y², legal.
Na verdade é x² + 2xy + y². Legal. Entendi. Muito chato. Não vou lembrar.
Mas, quando você estava correndo quando era criança, sofreu uma queda feia e se machucou, você lembra.
O parâmetro da relevância do evento para seu cérebro é essencial pra criar a memória de longo prazo.
Matemática: chato, já esqueci.
Evento da infância: me marcou, vou lembrar pra sempre.
Basicamente, o que faz uma memória ficar é o processo de repetição e rememoração. Coisas que te marcaram são facilmente assimiladas e, consequentemente, facilmente lembradas.
É por isso que pessoas rancorosas possuem boa memória, porque elas colheram aquelas memórias com um sentimento intrínseco. É marcante.
Outro exemplo, quando você aprende a dirigir, você fica 20 horas imerso dirigindo. É muita repetição e mecânica. E assim você lembra “pra vida toda”*
*lembrar de dirigir é diferente de continuar dirigindo bem
O que faz com que uma memória permaneça?
Então, o que te vai fazer melhorar sua memória é aprender e reviver essas memórias (A.K.A. prática contínua).
Quanto mais motivado você tiver sobre o que você acabou de aprender, de menos revisão precisará.
Quanto mais aquilo te marcar, menor será a necessidade de revisão.
Eu olho para meus aprendizados de 3 formas:
1. Me marcou muito: preciso revisar pouco
2. Achei interessante: preciso revisar
3. CHATO: preciso revisar MUITO
E a memória do Mike Ross?
Voltando para Mike Ross. (Pode pular. Aqui é a parte Nerd da coisa)
Se a memória de Mike fosse real, ele teria uma “mutação” em 2 processos principais:
1. Tudo o que ele entende vira memória de longo prazo (A.K.A. vai para o HD)
2. Todas as memórias deles se perpetuam perfeitamente (Ele não precisa revisar)
Afinal, nós podemos expandir nossa memória aprendendo coisas novas e revisando elas.
Mas não seremos o Mike.
Deixar de consumir coisas irrelevantes também ajuda. Assim não preenchemos nosso “HD” com coisas que não precisamos lembrar.
E, claro, repetir, revisar e reviver as memórias.
Além disso, a ciência também explica qual é a melhor maneira de revisar algo (se chama rememoração), mas isso fica para o próximo capítulo.