Existe um fato que provavelmente todo mundo sabe, mas é algo que não damos sua devida importância: geralmente temos confiança excessiva em relação a nossa inteligência.
Na maioria das vezes, nos achamos mais inteligentes do que realmente somos – e isso se aplica tanto a mim quanto a você. É algo do próprio ser humano.
PORQUE ISSO É IMPORTANTE: nossas decisões e a maneira que pensamos são as coisas que controlamos para determinar como nossa vida será (a sorte tem parte nisso, mas não controlamos). Quando tomamos decisões e pensamos com base em cenários que não são reais, tendemos a nos dar mal quando a expectativa é alta em relação a um resultado menor.
- Nos achamos mais inteligentes do que somos
- Superestimamos a nossa capacidade de tomada de decisão
- Definimos expectativas com base nisso
- Os resultados das decisões que tomamos não são os esperados
- Ficamos frustrados e decepcionados
Porém, a culpa não é muito bem do nosso lado racional. Basicamente, nossa forma de pensar é limitada pela quantidade de informação disponível na nossa mente.
WYSIATI: no livro “Rápido e Devagar”, Daniel Kahneman, descreve esse conceito que é uma sigla para “What you see is all there is” ou “o que você vê é tudo que há”. Esse conceito descreve o fenômeno de que tudo o que fazemos é com base em informações que estão disponíveis na nossa cabeça no momento. É impossível tomar decisões, ter pensamentos ou realizar ações com base em informações indisponíveis no momento.
- Nossa opinião sobre algo é referente às informações que sabemos – e que lembramos – sobre aquele algo
- Inconscientemente, deixamos de levar em conta informações importantes para estimar o quanto sabemos de algo (porque simplesmente essa informação não está disponível)
- É contra intuitivo e gasta muito energia racionalizar esse processo, dando a entender que precisamos buscar informação adicional para tomar uma decisão – e deixamos para lá
A partir disso, podemos pensar que o nosso conhecimento sobre algo é proveniente apenas do que existe na nossa cabeça. O que vemos é o tudo que existe.
O efeito Dunning-Kruger e como evitá-lo
DUNNING-KRUGER: o efeito Dunning-Kruger descreve o fenômeno onde pessoas com baixa competência em uma área superestimam suas habilidades, enquanto as com mais conhecimento subestimam o próprio desempenho. Isso acontece porque, além de não saberem muito, os menos capacitados não conseguem reconhecer suas próprias limitações, levando a decisões ruins por excesso de confiança.
- Nos sentimos mais capazes do que realmente somos em uma determinada habilidade ou conhecimento.
- Superestimamos nosso nível de competência e tomamos decisões baseadas nessa percepção distorcida.
- Criamos expectativas irreais sobre os resultados que podemos alcançar com base nessa autoconfiança excessiva.
- Quando os resultados não correspondem às expectativas, nos frustramos e muitas vezes não entendemos onde erramos.
- Continuamos repetindo erros semelhantes porque não reconhecemos nossas próprias limitações, perpetuando o ciclo de excesso de confiança e decepção.
Sabendo que o viés existe, agora você conhecerá o modelo mental que o evitará.
O CÍRCULO DE COMPETÊNCIA: se tudo o que você vê é tudo o que há, é necessário colocar uma limitação no seu conhecimento. Assim você vai saber exatamente o que você vê, o que realmente existe e o quanto você vê se configura dentro de tudo o que há. Falando de maneira simples: você vai ter muito bem definido o que você sabe e o que não sabe.
Para criar um círculo de competência:
- Determine suas áreas de especialização
- Só tenha confiança para resolver problemas relacionados a elas
- Saiba o que você não sabe. Isso está fora do seu círculo
- Não tente tomar decisões com base no que está fora