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cada dia um pouco mais inteligente menos burro

4 livros que falam sobre marketing nas entrelinhas

Nunca escondi de ninguém que a leitura é algo essencial na minha vida. Acima de tudo, o dia que não leio é incompleto e como citado em outros artigos, foi um livro que mudou o meu jogo. Eu era uma pessoa e depois do livro “Pai rico, Pai pobre” de Robert Kiyosaki, virei outra. Só depois eu vim perceber que alguns livros dizem mais do que está escrito, foi assim que percebi que muitos livros são de marketing, mas não possuem nada mostrando isso.

Antes de mais nada, durante o ano de 2019 eu foquei minha leitura em livros de desenvolvimento pessoal, finanças e empreendedorismo e, por um momento, lembrei da diversão que tinha em ler livros que contavam histórias, sejam elas fictícias ou não. Então, depois de voltar a ler romances, biografias e etc, percebi que esses livros, que muitas vezes não dão nenhuma lição direta sobre finanças, empreendedorismo e marketing, tem muito a ensinar pelas histórias que contam e pelas atitudes dos personagens. Então, escolhi 4 livros com temas que não são ligados diretamente a marketing e vou falar o que aprendi sobre marketing com eles.

ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS DOS LIVROS (NADA COMPROMETEDOR)

Leonardo da Vinci – Walter Isaacson

Livros marketing: Leonardo da Vinci

Primeiramente, esse livro eu li ano passado (2019) e das biografias que li, com certeza foi a melhor. O livro conta toda a história de Leonardo que se tem relatos verídicos e comprovados. Então, o livro sai passando da infância até a morte, dando ênfase em vários pontos chave da sua vida como a Monalisa, Santa Ceia, momentos com César Bórgia e etc. É interessante ver que Leonardo não nasceu gênio, ele se tornou por causa de suas características: curiosidade, entusiasmo e perfeccionismo. Segue algumas lições:

A criatividade é um processo e não algo “do nada”

Em síntese, muita gente acha que a criatividade algo que vêm do nada: você está ali fazendo nada e CLICK, vem a ideia que vai mudar sua vida. Leonardo da Vinci foi uma das pessoas mais criativas que existiram na história e quando analisamos a sua rotina, seu dia a dia e seus hábitos, dava pra ver que ele sempre buscava criar algo novo. Analogamente, ele sempre estava pesquisando, estudando e observando, quase 100% do seu dia era dedicado a aprender coisas novas, observar algo novo e aplicar em seus estudos e criações.

Então quando quiser criar algo ou estiver em um processo criativo, dedique seu tempo a estudar aquela coisa e quando saturar, busque inspiração em coisas não relacionadas..

Busque inspirações em coisas não relacionadas

Analisando as várias invenções de Leonardo, vemos que as principais referências vinham da natureza. Ele gostava de observar a natureza para criar as coisas com base em suas observações. Criou máquinas voadoras com base no voo dos pássaros e as suas pinturas eram realistas pois ele tomava como base paisagens reais.

É incrível como podemos aplicar conhecimentos de uma área em outra. Mas, como disse antes, para aplicar conhecimentos é necessário estudar a fundo outras áreas focando no conhecimento e posteriormente na aplicação. E Leonardo era especialista nisso, passava muito tempo observando tudo para aplicar em suas invenções, projetos e artes.

Procrastinar funciona em processos criativos

Da Vinci era especialista em procrastinar suas obras. Obras como a Santa Ceia (pintada em uma igreja) foram abandonadas por muito tempo até uma (quase) finalização. Ele era uma pessoa péssima com compromissos e muita gente relutava em contratá-lo devido a essa característica dele.

Mas muitos especialistas cogitam que ele, nesses intervalos e procrastinações, estava buscando inspirações para continuar trabalhando em suas criações. Inclusive ele abandonou muitas obras, considerado já perfeitas por pessoas de fora, por simplesmente não querer continuar. Leonardo era IMENSAMENTE perfeccionista.

O perfeccionismo pode ser seu inimigo

O perfeccionismo de Leonardo fez ele deixar quase 100% de suas obras não finalizadas, claro que esse conceito de “não finalizada” era na sua concepção. Dizem que até os seus últimos momentos com o quadro, ele ainda adicionava detalhes à Monalisa, nem que seja uma pincelada. E foi o perfeccionismo que criou o conceito em sua cabeça de quase nunca finalizar uma obra.

Um fato engraçado era que, quando ele estava pintando a Santa Ceia, as pessoas da cidade se reuniam para assistir ele pintando. A pintura ficava há uma altura considerável do piso, e ele precisa ajeitar e subir em uma escada para pintar. Dizem que, de propósito, ele preparava tudo para subir a escada e começar, pois várias pessoas esperavam ansiosamente para observá-lo pintando. Ele demorava para organizar e quando subia para começar a trabalhar na obra, ele apenas dava uma pincelada, descia e ia embora. Muitas pessoas dizem que Leonardo fazia isso de propósito para caçoar quem assistia ele pintando.

O que podemos aprender com isso é que muitos dos trabalhos que desempenhamos na vida tem início e fim. E sendo perfeccionistas, temos dificuldade em finalizar trabalhos por simplesmente encontrarmos constantes pontos de melhora.

Esse fato é interessante pois concluímos que até os maiores gênios da humanidade tinham seus defeitos e culturas. Eles também eram humanos.

Harry Potter – J.K. Rowling

Livros marketing: Harry Potter

Quando eu era mais novo sempre quis ler Harry Potter, mas acabei só vendo os filmes (eu era viciado). Uma vez consegui ler o primeiro e o segundo (incompleto) pegando emprestado e aí acabei vivendo minha vida até recentemente sem completar a saga. Recentemente, do nada, eu decidi começar a comprar e ir lendo porque queria ler algo mais leve e que realmente eu me interessasse. Eu comprei todos e hoje estou no quinto livro e acho que em 2 meses eu finalizo a série.

Por fim, é incrível como em uma história para adolescentes é possível ter aprendizados dos mais profundos possíveis, seja da maneira de Dumbledore conduzir as coisas ou como Harry, nem sempre estudioso, sempre consegue se sair bem nas situações mais inusitadas.

Sorte é um fator, mas esteja preparado

Acima de tudo, é interessante observar que durante o livro é muito bem explicado as culturas de cada casa de Hogwarts, como o chapéu seletor vê as características de cada um e encaixa o aluno na casa mais condizente com elas. A casa que Harry foi selecionado foi a Grifinória, onde pessoas leais e corajosas convivem.

Quando se fala em desafios, nos 2 primeiros livros tem muita sorte envolvida quando Harry derrota os principais inimigos, mas é interessante que, depois, ele chega a conclusão que é necessário se preparar para novos desafios, que só a sorte não vai fazer ele vencer seus desafios.

Podemos levar essa lição para a vida: contar só com a sorte para vencer nossos desafios é querer demais. Para cada desafio na nossa vida, é importante se preparar e se esforçar ao máximo para vencê-los.

Se eu no início, mesmo sem nenhum cliente, não estudasse sobre tráfego, iria depender da sorte para o meu primeiro cliente precisar de um serviço que eu por acaso soubesse, dentre os tantos que existem. Mas, me preparando até sem ter desafios foi como fiz meu primeiro desafio ser bem mais fácil do que poderia ser.

Quem faz sabe mais do que quem só vê

Quando a armada de Dumbledore é criada no livro 5, A Ordem da Fênix, o professor não é a pessoa que tira as melhores notas e sempre se dá bem nas aulas, que é a Hermione. O professor é Harry por simplesmente ter passado situações onde aplicou tudo aquilo que eles deveriam ver em aula, ele estava quase sempre no campo de batalha. Quem sabe mais é quem faz, e não quem só vê. A aplicação e ação vence a teoria na maioria das vezes.

Esse conceito é interessante para aplicar na nossa vida. Na minha vida universitária, por 4 anos eu fiquei preso em teoria achando que ia chegar uma hora onde, magicamente, eu iria saber tudo na prática. Quando você perceber que alguma coisa na sua vida está teórico demais é porque chegou a hora de partir pra ação. Uma das maneiras mais efetivas de se aprender algo é fazendo repetidamente certa atividade e não só estudando sobre isso.

Um adendo interessante dessa teoria é que Hermione sempre se dava bem em aulas práticas, mas quando chegava para realmente utilizar aqueles conceitos e práticas na vida real ela não se dava tão bem. Até aulas práticas não te preparam bem para o mundo real!

Conquistando o cliente, com Hagrid e os gigantes

No livro 5, o gigante Hagrid é incumbido de realizar uma missão para Dumbledore. Nessa missão ele deve firmar uma aliança com os gigantes, que são criaturas bem complicadas de se tratar. Um dos passos para começar um diálogo com os gigantes é presenteá-los antes de qualquer coisa. No primeiro dia que Hagrid vai presentear os gigantes, ele apenas entrega o presente, faz uma reverência e se retira. Quando questionado o porquê de após entregar o presente não tentar nada em relação a aliança, ele responde que é um processo e não um ato de entregar e já fazer a proposta da aliança. E logo após explica que nos próximos dias vai continuar dando presentes aos gigantes e tentar firmar uma conversa com eles até chegar o momento da proposta.

Esse trecho do quinto livro me mostrou dois conceitos essenciais do marketing: o funil de vendas e o gatilho da reciprocidade. O ato de dar algo antes de receber é a reciprocidade básica e fina agindo: é mais provável que, para alguém sucumbir a alguma vontade sua, você entregue algo antes de pedir. Esse gatilho é muito bem explicado no livro: As armas da persuasão.

E o ato de firmar um relacionamento e ter um processo antes de pedir alguma coisa (ou tentar vender) é o funil de vendas sendo aplicado da melhor maneira. Ele primeiro conhece e cria uma boa primeira impressão, para criar um relacionamento e só, supostamente, no fim tentar fazer a proposta da aliança.

O Guia do Mochileiro das Galáxias – Douglas Adams

Livros marketing: O guia do mochileiro das galáxias

O guia do mochileiro das galáxias é o primeiro livro de uma série de 5 que já li inúmeras vezes. E é sensacional que sempre que leio, aprendo algo novo e vejo uma crítica que não tinha visto anteriormente. O romance é uma ficção científica que mostra vários planetas, povos e situações sobre o universo. É um livro extremamente engraçado e crítico com situações que são normais na terra.

“Não entre em pânico!”

O guia do mochileiro é uma espécie de computador de bolso que fala sobre tudo o que aparece na galáxia: planetas, culturas, raças e tudo mais. A maioria dos viajantes da galáxia andam com o guia com o objetivo de conhecer mais os lugares que estão visitando e na capa do guia tem a mensagem “Não entre em pânico

Por mais que seja uma frase simples e que não pareça dizer nada, ela nos mostra uma mensagem que podemos aplicar em tudo na nossa vida. “Não entre em pânico” não é uma lição, é uma mentalidade. Quando você coloca na sua cabeça que entrar em pânico, principalmente em certas situações, não leva a nenhuma coisa boa, é interessante viver com esse pensamento.

Quem fala muito às vezes não faz, e quem faz muito às vezes não fala

Acho interessante essa passagem do livro quando falam sobre o presidente da galáxia:

Ele (O presidente) deve é possuir um sutil talento para provocar indignação. Por esse motivo, o presidente é sempre uma figura polêmica, sempre uma personalidade irritante, porém fascinante ao mesmo tempo. Não cabe a ele exercer o poder, e sim desviar a atenção do poder.

Douglas Adams

É interessante quando paramos para pensar que as pessoas que muitas vezes mostram autoridade e fazem questão que todo mundo saiba que elas fazem aquilo, são as que não sabem. E quem realmente sabe, é a pessoa que normalmente fica nos bastidores da coisa.

O cérebro do ser humano funciona melhor quando ele está calado

Se eles (os humanos) não ficarem constantemente exercitando seus lábios – pensou ele – seus cérebros começam a funcionar.

Douglas Adams

Esse trecho é uma ironia gigante a respeito dos humanos e fala que pessoas que falam demais não pensam muito, claro que não podemos generalizar. Mas parece que, quando falamos demais, nossos trabalhos tendem a ser menos pensados e melhores. O pensamento de “trabalhar em silêncio deixando o resultado fazer barulho” deve ser muito presente em nossas vidas, muitas vezes falamos tanto que o pensamento das pessoas querendo nos colocar pra baixo faz nossa vontade de dar certo diminuir, estragando tudo.

O príncipe – Nicolau Maquiavel

Livros marketing: O príncipe

O príncipe é um dos livros mais antigos sobre política e governança que existe e mesmo que tenha uns 500 anos ainda é extremamente atual. O melhor desse livro é a sua aplicação em qualquer área, por isso recomendo que durante toda a nossa vida a gente a pelo menos cada 2 anos leia esse livro.

Aprenda com quem chegou lá

Sobretudo, Maquiavel estudou vários Governadores, Duques, reis e todas as pessoas que tiveram sucesso (e não tiveram) governando pessoas. E através de estudar essas pessoas ele criou um manual de como se portar a frente de um governo. Ele aprendeu com quem chegou lá.

Ainda mais, é interessante como isso se aplica em qualquer área. Eu mesmo faço isso na minha área, sempre tento estudar hábitos e conceitos que as pessoas que tiveram sucesso na minha área têm e tento segui-los da maneira mais fiel possível. Essa é uma das maneiras mais simples (porém demoradas) de ter sucesso: modelar hábitos de pessoas de sucesso e trazer para si.

Diferentes situações exigem diferentes estratégias

Antes de mais nada, o livro tem praticamente um capítulo para cada tipo de governo, como chegar ao principado e como pode ser governado. Todavia, é interessante frisar que para cada tipo de principado há uma forma diferente de governar. Ao mesmo tempo, muitas vezes queremos uma fórmula geral para todas as situações na nossa vida, no nosso trabalho e em outras coisas. Mas, é interessante inserir na nossa vida a cultura de que não há fórmula geral, cada caso é um caso.

Veja a situação de fora

Para conhecer bem a natureza dos povos é necessário ser Príncipe e, para conhecer a dos Príncipes, é necessário ser do povo.

Nicolau Maquiavel

Quando vemos as situações de dentro, vemos de uma maneira totalmente diferente do que é. Um ótimo exercício que podemos fazer para resolver questões como essa é ver a situação como uma pessoa que não entende. Vendo uma situação de fora, vemos a natureza real do que queremos analisar.

Ler bons livros que não tenham nada a ver com sua área podem melhorar sua performance. Não deixe de apreciar boas obras só porque elas não têm nada a ver com sua área de atuação.

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