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cada dia um pouco mais inteligente menos burro

IA para escrita: usando corretamente

A tecnologia é uma faca de dois gumes. Um bom exemplo disso é a IA (Inteligência Artifiicial) para escrita.

Por um lado têm-se a otimização do tempo, o infinito poço de ideias e um recurso rápido para eventuais dúvidas.

Por outro lado, existe a criação de conteúdo sem interferência – e revisão – humana. Ou seja: crie um conteúdo sobre X para mim. CTRL-C + CTRL-V. Conteúdo novo gerado. Sou um gênio!

Relativamente, estamos vivendo o início dessa era, então é mais difícil identificar conteúdos criados 100% por IA.

Mas, heavy users (como eu) já conseguem identificar. Principalmente porque a preguiça é tão grande que os “criadores” não treinam a IA para criar algo mais personalizado.

Por mais que os conteúdos sejam legais e tragam lições valiosas, eles não têm o que é necessário para fazer o principal: reter atenção. 

O jogo da atenção requer uma escrita em um formato específico que faça com que o usuário dedique tempo para querer finalizar o texto.

Captando e mantendo a atenção na escrita

Existem várias formas de capturar e manter a atenção dos leitores.

Gosto de usar essas 3:

Entender a importância do título

“Em média, cinco vezes mais pessoas leem os títulos que o texto do anúncio. Então para cada dólar investido, você está desperdiçando 80 centavos no título.” David Ogilvy

Existem ótimos escritores que dedicam 80% da energia do texto e 20% no título. São esses, os mesmos escritores, que não obtêm muito reconhecimento. Não adianta escrever um bom texto se as pessoas não leem.

Eu, particularmente, gosto de dedicar um tempo para gerar uma boa ideia, e essa ideia já é um bom início para criar um bom título (ou headline) e um bom primeiro parágrafo.

Alguns fatores de uma boa ideia:

  1. É simples de entender
  2. Causa curiosidade (ou intriga) no leitor
  3. É associada a algo relevante para o leitor (pode ser algo de timing também)

E algo que eu gosto muito: a ideia é associada a uma história.

Resumindo: mais foco no título do que no texto. Se o título não for bom, não há texto.

A teoria da lacuna

Essa teoria diz que o que leva o leitor para a próxima etapa é uma lacuna deixada.

Ou seja: sempre deixe algo em aberto (uma lacuna) para que o leitor tenha um motivo para seguir lendo seu texto.

Sabe quando a novela acaba na hora H? É um uso da teoria da lacuna.

Quando o capítulo do livro acaba no auge da cena; quando o primeiro filme da saga acaba com uma deixa para o próximo filme; quando o season finale de série não possui desfecho, etc.

Eu não gosto de usar lacunas em excesso, porque fica parecendo algo sensacionalista, então acredito que a moderação é o caminho para o bom uso dessa teoria.

Reforços

Bons textos reforçam eles mesmos a todo tempo.

O leitor vê como reforço um aprendizado. E se ele está aprendendo, irá continuar lendo.

Quando você explica algo novo reforçando um conteúdo que você já mostrou, o leitor se mantém engajado. Porque, assim como o texto, ele também está evoluindo.

Como utilizar a IA para escrita de uma maneira produtiva (na minha visão)

Bom, mesmo que você treine uma IA para escrita, dificilmente ela fará algo que contemple os 3 elementos que falei anteriormente:

  1. Um título (ou ideia) que faça valer a pena ler o texto
  2. Deixar lacunas de uma forma sustentável para manter a atenção
  3. Reforçar conteúdos do próprio texto de forma orgânica (e não forçada)

Mas, ela pode ser útil para outras coisas legais para criadores. Principalmente quando você já possui um estilo particular de escrita e usa a IA para potencializar o seu método.

Vou deixar 3 exemplos de como eu uso:

Metáforas

Uma coisa que adoro utilizar – não só na escrita – são metáforas. Acredito que são formas simples de fazer com que pessoas entendam coisas que estão fora da sua alçada.

Porém, boas metáforas não são simples de serem criadas. Elas precisam de:

  1. Contexto: o leitor precisa entender ao menos um lado da equação
  2. Simplicidade: uma metáfora complexa distancia o leitor
  3. Desfecho: o conceito B que uso para explicar o A precisa ter um desfecho

A inteligência artificial é ótima para encontrar metáforas. Não de bate e pronto, claro, mas eu sempre consigo algumas boas ideias, principalmente de grandes autores.

Um exemplo que sempre gosto de lembrar vem d’O Príncipe, de Maquiavel:

Metáfora entre estilos de governo e animais (Leão e Raposa) 

Ideias

Sabe quando você tem um tema geral para escrever, mas sabe que generalizar não é uma boa ideia?

Bom, você pode utilizar a IA para gerar temas específicos. Nesse exemplo eu pedi 5 temas de neurobiologia para explorar o fenômeno da atenção:

Prompt: cite 5 temas de neurobiologia para entender melhor o fenômeno da atenção 

Poderia facilmente escrever sobre como a plasticidade neuronal está fazendo com que os conteúdos tendam a ser mais curtos e deixar uma lacuna para mostrar fatores essenciais para criar um bom short content.

(Tá vendo?! Acabei de reforçar a teoria da lacuna!)

Driblar o branco

Criadores passam mais tempo travados do que fluindo.

Se você escreveu algo incompleto e travou, você pode utilizar a inteligência artificial para continuar seu texto e tirar você do crash mental.

(Claro que você não vai copiar o texto que ela criou, mas pode utilizar como inspiração)

Por exemplo, solicitei esse Prompt:

Prompt exemplo

E recebi a resposta:

Reposta do prompt mostrado anteriormente 

Se você observar, a estrutura e a escrita não estão “amigáveis”, mas dá para pegar o texto como inspiração para criar uma conclusão ou continuar o texto.

Conclusão

A inteligência artificial é um artifício que pode te tornar mais inteligente.

Mas, 1 a cada 10 usos (pesquisa fictícia) parece que seguem esse fluxo produtivo.

Não deixe que a inteligência artificial seja uma terceirização intelectual. 

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