Talvez você saiba, mas somos manipulados pela mídia quase sempre. Porém, algumas estratégias exploram o mais alto nível de atitudes questionáveis a favor do lucro. Conheça o lado escuro do marketing.
Nota: este artigo é informativo, tendo o intuito de expor algumas das estratégias que manipuladores de mídia usam. Não aplico essas estratégias, nem recomendo que apliquem.
No livro “Acredite, estou mentindo – Confissões de um manipulador das mídias“, Ryan Holiday mostra que as estruturas que embasam o marketing parecem mais com um monstro sendo alimentado. Ele se refere à “Industria dos Cliques”.
A INDÚSTRIA DOS CLIQUES: Acima de tudo, qualquer veículo de mídia é também um negócio e eles precisam lucrar. O modelo deles é simples: +visualizações = +anúncios = +dinheiro. O fundamento disso tudo são os cliques nas matérias.
- Blogs ganham dinheiro com a venda de anúncios
- O valor é pago normalmente pelo custo por mil visualizações (CPM)
- “Toda decisão que um editor toma é regida por uma regra: tráfego a qualquer custo”
- Os produtores de conteúdo da indústria geralmente ganham por publicação/resultado, então precisam dos cliques para sobreviver

A IMPORTÂNCIA DOS TÍTULOS:David Ogilvy já falou que os títulos são a porta de entrada para qualquer publicação, se seu título for ruim, independente do conteúdo, não haverá cliques. E se não há cliques nos títulos, não há dinheiro entrando nos veículos de mídia.
- Como os títulos são importantes e a mídia precisa de cliques, estratégias bem questionáveis são utilizadas para aumento de audiência
- Click bait, sensacionalismo, fake news, títulos tendenciosos, etc

O MUNDO É UM TÉDIO: Porém, as notícias são emocionantes. Produtores de conteúdo da mídia têm o poder de encontrar um ponto de vista interessante em quase toda história. E assim surgem estratégias bem maquiavélicas para produzir… você sabe: cliques!
- Parece que sempre há algo expecional acontecendo na mídia
- “O tédio não vende, nossa vida já é chata demais”
- Cliques a qualquer custo geram estratégias bem maquiavélicas (próximo tópico)
Underground marketing: estratégias reais
AUTOSABOTAGEM PROPOSITAL
Ryan Holiday revelou que já foi contratado para aumentar a audiência de um título (filme/livro) que não estava indo tão bem.

Ele utilizou uma estratégia de autossabotagem proposital para ganhar mídia ao redor do título. A estratégia consistiu dos seguintes passos:
- Ele divulgou o filme através de cartazes (até aí OK, certo?)
- Numa madrugada, os cartazes foram vandalizados com mensagens bem agressivas ao autor da obra (pelo próprio Ryan)
- Ele deu uma volta e passou de carro em frente aos cartazes vandalizados e tirou fotos como um espectador curioso
- Ao chegar em casa, mandou as fotos por e-mail para dois grandes blogs com um ar de “Olha o que eu vi!!!”
- Além disso, Ryan: alertou grupos sobre o perigo do filme, incitou protestos nas portas dos cinemas, começou grupos de boicote no Facebook, orquestrou tuítes falsos e fez comentários falsos em artigos na internet.
- Ele também inventou histórias falsas sobre o autor da obra e enviou para os sites de fofoca, que reproduziram sem pensar duas vezes (Viu algo similar em 2023?)
O resultado:
- Vários estudantes protestaram contra o filme em universidades
- Cidadãos revoltados vandalizaram outdoors em várias cidades
- A FoxNews fez uma matéria de primeira página sobre o caso
- O New York Post falou sobre o autor da obra
- A autoridade de trânsito de Chicago baniu os anúncios dos filmes dos ônibus
- Vários editoriais foram postados criticando o filme
O livro alcançou o número 1 na lista dos mais vendidos do New York Times várias vezes.
A CADEIA DAS NOTÍCIAS

Considerando que veículos de mídia precisam sempre ter notícias quentinhas para postar e gerar cliques, as noticias precisam… bem… existir.
Só que existe um grande ponto: furos de reportagem são raros e coberturas exclusivas são caras. Então os jornalistas precisam de fontes para obter notícias.
E uma das principais fontes de notícias são outros jornais, blogs, páginas, perfis, etc.
Isso quer dizer que existe uma determinada possibilidade de uma notícia postada em um pequeno veículo ir parar na grande mídia através de uma cadeia de replicações.
O objetivo aqui é colocar uma notícia em um canal mais acessível, visando que ela alcance a grande massa através das réplicas.
Ryan fala sobre 3 níveis de mídia:
- O ponto de entrada: blogs, páginas, perfis, sites pequenos e locais. Publicidade barata e um público relativamente fiel.
- A mídia influente: canais de médio porte, com grande influência em regiões específicas, mas não necessariamente a nível nacional. Aqui existe a união do online + offline.
- Mídia nacional: são os grandes portais de notícias, já contemplando blogs, perfis, jornais, perfis gigantes. Esses canais possuem influência no país todo.
A estratégia aqui é colocar uma notícia no nível 1, considerando que a cadeia de acotencimentos vai levar ela organicamente ao nível 3.
E a mágica acontece: publicidade quase grátis!
CAVAR CANCELAMENTOS

Cancelamentos são normais hoje em dia. Fora o lado do linchamento virtual, xingamentos e a repercussão negativa para o cancelado, esses eventos geram uma imensidade de tráfego e engajamento para os cancelados.
Olhando para o último ponto, existem aqueles que cavam cancelamentos.
A estratégia que esses perfis usam é quase sempre fazer comentários polêmicos que parem em veículos influentes, causando um cancelamento.
A partir do cancelamento, uma estratégia de conversão é feita a partir do tráfego gerado, buscando gerar vendas de um produto/serviço específico.
Se você parar para ver, alguns grandes influenciadores que sofreram cancelamentos recentes (cavados ou não) sempre fazem uma mídia de retratação e logo após tentam vender seu carro chefe aproveitando o tráfego gigante.