Existe um ponto complicado na maioria dos profissionais: tendemos a querer resolver os problemas com as ferramentas que temos a mão. E normalmente, temos pouquíssimas (ou até uma).
“A maioria das pessoas é treinada em um modelo – economia, por exemplo – e tenta resolver todos os problemas de um só jeito (…) Essa é uma maneira bem burra de lidar com problemas” (Charlie Munger)

A VERDADE: Não fomos construídos para entender problemas e situações através das várias perspectivas. Só sabemos o que aprendemos na escola e na nossa especialização. Infelizmente, só isso não é suficiente.
- É mais confortável ficar na nossa área de atuação (e gasta menos energia)
- Tendemos a retorcer a realidade para se ajustar ao que sabemos
- Se não aprendermos, sempre resolveremos tudo da mesma forma

UMA SOLUÇÃO: Felizmente, não precisamos saber tudo sobre tudo. Alguns modelos de várias disciplinas distribuídos em uma malha de conhecimentos ajuda a resolver a maioria dos problemas que teremos na vida.
- Modelos mentais são pílulas de conhecimento para resolver os mais variados problemas
- Esses modelos surgem de variadas disciplinas, abrindo o leque de opções para as situações vida
- No final, todas as disciplinas estão interligadas, facilitando o entendimento
- Esse comportamento nos afasta de vieses e traz soluções mais plausíveis para os problemas do dia a dia
Alguns vieses
Você não pensa da forma que quer. Existe toda uma programação na sua cabeça que direciona seus pensamentos e formas de agir. Esses “programas” são chamados de viéses. Identificando eles, você pode evitá-los, melhorando a qualidade dos seus pensamentos.
Eis alguns que busco evitar no dia a dia:

TENDÊNCIA AO AMOR/ÓDIO: Nós tendemos a aceitar coisas erradas de quem gostamos e repreender coisas certas de quem odiamos. Com isso, não avaliamos as ideias e sim quem está por trás. Adoramos uma batalha ideológica: odiamos nossos inimigos e gostamos por tabela de quem odeia nossos inimigos. 2 dicas:
- Deixe temporariamente de lado seus sentimentos ao avaliar uma situação
- Tenha um checklist lógico para avaliação de ideias e opiniões (que deixe de lado quem propôs)

TENDÊNCIA A EVITAR A MUDANÇA: Adoramos novidades, odiamos mudanças. Tendemos a aceitar coisas dentro da nossa zona de conforto e afastamos tudo o que nos tire dela, tudo o que gere mudança.
- Tendemos a propor e aceitar ideias que nos mantenha na zona de conforto
- Se acostumar com a mudança é uma boa solução
- Foque nas boas decisões, gerando mudança ou não

AUTOESTIMA EXCESSIVA: Superestimamos nossas capacidades, achamos que somos melhores do que realmente somos. Somos reféns do efeito auto-halo: por sermos bons em uma coisa, achamos que somos bons em quase tudo.
- Empresários de sucesso no ramo A acharam que sabiam sobre tudo, e perderam muito dinheiro investindo em outro ramo
- Você não sabe, mas o gênio Isaac Newton se f*d#u no mercado de ações
- Para evitar esse viés, conheça claramente seu círculo de competência e não saia dele
- Contrate pessoas para fazer o que você não sabe

FOCO NO QUE ESTÁ DISPONÍVEL: Uma memória recente tem muito mais peso nas nossas decisões do que as antigas. Com isso, tendemos a tomar decisões com base no aprendemos a pouco tempo. Como evitar:
- Tenha modelos mentais para resolver problemas que foram provados pelo filtro do tempo
- Checklists para resolver tarefas: mantenha as boas ideias (mesmo que antigas) e substitua por novas que façam sentido
EXTRA – INCENTIVOS: esse viés é tão importante que já escrevi um artigo só sobre ele.
Para evitar vieses, use os modelos mentais.
Modelos mentais: exemplos
“(…) porque 80 ou 90 modelos importantes vão dar conta de 90% da carga de torná-lo uma pessoa sábia. (Charlie Munger)

CÍRCULO DE COMPETÊNCIA: Não é o que você não sabe que vai te prejudicar, é o que você acha que sabe. Um círculo de competência determina justamente esse limite: na maioria das vezes você não age em cima do que você não sabe.
- Você não vai resolver problemas em cima do que você não sabe
- Peça ajuda/contrate quem sabe resolver problemas que você não tem conhecimento
Para criar um círculo de competência:
- Determine suas áreas de especialização
- Só tenha confiança para resolver problemas relacionados a elas
- Saiba o que você não sabe. Isso está fora do seu círculo
- Não tente tomar decisões com base no que está fora

PENSAMENTO DE SEGUNDA ORDEM: Se você tem a solução para um problema e utilizando a solução, você gera mais 10 problemas, a sua solução não resolve nada. Pensar nas possíveis consequências das suas ações pode antecipar esses novos problemas, modificando suas ações.
- Sempre pense: quais serão as possíveis consequências das minhas ações?
- “Se eu resolver esse problema, posso criar outros mais complicados?”
- Busque soluções que resolverão todo o escopo de algo e não só um pequeno problema

A NAVALHA DE OCCAM: Geralmente, soluções mais simples são preferíveis para os problemas em geral. A navalha filosófica de William de Ockham prega que buscando as explicações mais simples para um evento, você conseguirá resolver a maioria dos problemas.
- Se você tem 2 possíveis soluções (1 complexa e 1 simples), opte pela simples
- Soluções complexas abrem muito espaço para falcatruas
Alguns exemplos:
- Investir em criptomoedas ou renda fixa? Renda fixa é mais simples
- Estou com dor de cabeça, é uma cefaleia normal ou um câncer no cérebro? Geralmente é só uma cefaleia
- Estou ouvindo barulho de galopes, será que são cavalos ou zebras? Provavelmente são cavalos