A história que quero contar é de como deixei de consumir 80% do conteúdo que consumia e te mostrar os problemas do consumo excessivo de conteúdo.
Em 2020, chegou um certo momento que resolvi ler dois livros de uma vez. De início, parecia uma ótima ideia: ia ler mais coisas diferentes e, consequentemente, ia aprender mais. Durante quase 1 ano eu continuei da mesma forma, lendo dois livros simultaneamente. Tudo está descrito nesse artigo: o método, o objetivo por trás e os benefícios.
No fim de 2020, depois de finalizar uma grande sequências de livros simultâneos, uma série de eventos passaram a mudar minha vida de forma que consumir tanto conteúdo estava se transformando em algo ruim:
- Comecei a trabalhar fixo em uma empresa
- Escrevi e apresentei o TCC
- Estava nas últimas etapas do curso
Muito conteúdo pode te deixar menos inteligente
Além disso tudo, tinha parado tudo dos meus projetos pessoais para dar conta de tanta coisa. Mas, paralelo a isso tudo, ainda continuava na saga de ler dois livros simultâneos, consumir aulas de alguns cursos e aprender algumas habilidades novas on demand (precisava, aprendia).
No início parecia tudo lindo, que estava me desenvolvendo como pessoa e profissional, cada vez mais completo e aprendendo coisas novas.
Foi então, no início de 2021 que a conta chegou. O consumo excessivo de conteúdo já não estava me fazendo tão bem.
Em um final de semana de veraneio, eu me vi em um Burnout: com dor de cabeça e sensação de não está fazendo nada útil e que não agregasse nada a mim. Mas esse era justamente o objetivo daquele momento, espairecer.
Foi então que vi os pontos negativos do consumo excessivo de conteúdo. E percebi que consumir tanta coisa estava gerando mais pontos negativos do que positivos em minha jornada.
Os pontos negativos de se consumir muito conteúdo
Falta de foco
Sair um pouco da sua área é interessante. Como eu mesmo disse antes, para um gestor de tráfego habilidades como Copywriting e design ajudam muito na jornada. O problema é quando essas saídas são descontroladas, acarretando um grande foco em outra área que não é a que você quer seguir de fato.
Foi o que aconteceu comigo, quando vi tava muito focado em coisas que não estavam agregando muito a mim. Me vi perdido estudando demasiadamente investimentos, análise de dados e outras coisas que não faziam tanto sentido para mim naquele momento.
O que faz você crescer é foco e tava faltando isso pra mim.
Necessidade de sempre estar consumindo
A nossa mente trabalha com base em constância, ela se apega com o que fazemos sempre, a todo momento. Quando se consome muito conteúdo e em um certo momento isso para de acontecer, a sua cabeça vai protestar.
É aí que, pouco a pouco, o sentimento de estar sempre aprendendo vai te consumir.
Em momentos de descanso, diversão e descontração, seu corpo vai estranhar pois você deveria estar fazendo o que você sempre faz: aprendendo algo.
Esse sentimento além de ser ruim, nos destrói pouco a pouco.
Dor de cabeça e cansaço
Sempre quando chegava ao fim nos meus dias de consumo imenso de conteúdo, eu sentia dor de cabeça e um cansaço imenso. É incrível como o cansaço mental é ainda pior do que o físico, pois por muitas vezes meu esforço físico era mínimo.
Outra coisa que sempre ocorria era uma dor de cabeça do nada em fins de semana, onde, em tese, eu não deveria estar tão ligado em questões de trabalho, estudos e etc.
A capacidade de retenção do ser humano é limitada
Mesmo que com entusiasmo, força de vontade, atenção e foco não se pode aprender tudo o que se estuda. Isso quer dizer que mesmo que se estude tudo no mundo, é muito complicado reter tudo.
Uma boa alternativa a essa questão é estar focando em uma coisa de cada vez, para que se possa praticar mais e gastar mais tempo em uma questão ou tema em específico. Essa prática dá a possibilidade de reter o máximo daquela área, não dando brecha para outros temas que podem atrapalhar o aprendizado.
O que eu fiz para virar o jogo
Hoje, já me sinto bem melhor de todos os pontos negativos gerados por consumir tanto conteúdo. Algumas ações foram necessárias para controlar o monstro que eu estava criando em mim mesmo.
De 2 livros simultâneos para 1 divertido
A primeira coisa que fiz foi parar de ler dois livros simultâneos, cortando o livro mais focado em temas técnicos. Então, eu passaria a ler apenas romances por um bom tempo, até que me sentisse mais a vontade e com necessidade de ler livros com uma pegada mais técnica.
Com isso, a parte da minha vida que é dedicada a livros ficaria retida apenas a romances, que mesmo que traga bons aprendizados, tem uma parcela maior de diversão do que de consumo de conteúdo mais denso e técnico.
O interessante de ter essa parcela de romances na vida é melhorar a escrita e entender um pouco do comportamento humano, considerando que os personagens refletem pessoas reais.
Mudança na filosofia de Investimentos
Há muito tempo tenho o hábito de investir um pouco do me dinheiro periodicamente, desde 2019 dedico uma parcela do meu dinheiro para investir, mais por hábito do que buscando rentabilidade de fato.
A minha filosofia era um pouco complexa, sendo necessário a análise constante de várias empresas a cada quase 6 meses. E, para fazer essa análise, era necessário estar sempre estudando sobre investimentos.
E então eu tive uma epifania..
Percebi que dava pra manter o hábito de investimento sem estudar tanto e não seria necessário focar tanto no momento em ser assertivo nas escolhas, pois investir bem faz mais sentido quando quantias monetárias maiores são utilizadas.
Então, simplifiquei toda a minha filosofia de investimento, quase toda baseada no livro “O Investidor de Bom Senso” do autor John C. Bogle. É uma ótima opção pra quem não tem tempo e nem disposição para ficar tão focado em estudar e analisar empresas. Recomendo muito.
Diminuir o círculo dos conteúdos consumidos
Hoje, minha área principal é gestão de tráfego pago, mas existem outras áreas que me complementam como profissional de tráfego que posso me dar o luxo de aprender. É importante salientar que todas as habilidades citadas abaixo não tem como objetivo um grande aprofundamento. Hoje, uma parcela dos meus estudos são dedicados para aprender um pouco do básico das seguintes áreas:
- Copywriting
- Design gráfico
- Marketing em geral
- Gestão estratégica
Todas essas habilidades valem a pena para um gestor de tráfego aprender. Por isso, sempre que for consumir algum conteúdo técnico, ele tem que estar dentro dessas áreas. Por serem áreas bem correlatas e um tanto próximas, o esforço de estudo é bem menor do que caso focasse em qualquer outro tipo de conteúdo.
Detox de conteúdo no Instagram
Antes de mais nada, percebi que seguia muitos perfis no Instagram e acabava vendo muita coisa por tabela.
A minha primeira ação de início foi escolher um perfil por categoria para ficar seguindo:
Marketing digital – @icaro.decarvalho
Gestão de tráfego – @sobralpedro_
Investimentos – @bruno_perini
Mas, hoje em dia eu reduzi mais ainda. Por pensar que o Instagram não é ambiente de aprendizado, podemos acabar consumindo muita coisa sem nem perceber.
Às vezes, uma boa prática é de vez em quando fazer uma limpa no Instagram, vendo se alguns perfis realmente agregam algo a você ou se você os segue só pelo medo de perder algum conteúdo chave (que quase nunca vem).
E o resultado?
Hoje, mais ou menos 2 meses depois dessa odisseia, sigo aplicando tudo e fazendo de tudo para não consumir conteúdo desnecessário e que não esteja dentro do circulo que escolhi.
Então, continuei na saga do Senhor dos Anéis, a qual é bem complexa pra um romance, diminuí a carga de aulas que assistia e estou extremamente focado em ação, tentando executar tudo o que quero para esse ano.
Como resultado, já não tenho mais dores de cabeça e cansaço mental com constância, a cabeça está com espaço para criar e boas ideias estão começando a sair do papel. Por mais que me sinta um pouco longe de alguns objetivos em específico, não estou ansioso demais para alcançá-los de imediato, o que é bom.
Acima de tudo, o foco está no próximo passo e não no último passo do caminho.
Por fim, foi assim que reduzi cerca de 80% de tudo que consumia e consegui um ingrediente importante para continuar minha evolução: saúde mental.
Afinal, é necessário equilíbrio. E até aprendizado, em excesso, é veneno.